Cinepoesiadiária#1
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Hoje o álcool e os amigos foram os takes que desenharam o filme deste sábado. Eu me reparo muitas vezes evadindo os momentos pra olhar o que está acontecendo a minha volta. Eu continuo a te ouvir, mas minha atenção é aérea e está constantemente trafegando por uma infinidade de coisas que acontecem a nossa volta. Eu não sei explicar, mas as vezes um gesto, uma luz, um movimento e de repente aquilo roubou-me a mim mesmo.
Para além do campo das palavras meu olhar me leva. E a minha vontade ás vezes é deixar meus olhos serem regidos pelo finito e eterno agora. A mutabilidade de cada segundo é o infinito da possibilidade, da matemática do agora e a residência fixa das inquietações humanas.
E hoje não houveram inquietações, só a necessidade de escrever sobre como eu faço parte do mundo.
E é muito inquietante não saber-se com um propósito, ao mesmo tempo que livra-nos a responsabilidade de ser algo formatado, nos impõe um questão frente ao finito eu. Sêneca disse uma vez: "Devemos determinar, por isso em primeiro lugar, o que desejamos e, em seguida, por onde podemos avançar mais rapidamente nesse sentido."
A partir dessa perspectiva fica muito claro para onde apontar nossos esforços, tempo, energia. Basta uma decisão para que eu me torne consoante comigo mesmo, e tudo se clareie em perspectiva.
Hoje na festa nada foi clareado, nada foi posto em movimento, não havia uma perspectiva, talvez hoje seja um momento em que o filme começa a ganhar vida própria.
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